segunda-feira, 28 de junho de 2010

CARTAS A UM JOVEM CIENTISTA

Num universo indiferente ao amor e à dor, regido por forças agindo sobre átomos inanimados, eis que, num pequeno planeta, o terceiro em órbita em torno de uma modesta estrela, uma dentre bilhões de outras, esses átomos combinam-se para formar beija-flores, tubarões, lagostas, baleias e golfinhos, rosas e girassóis, sequóias e magnólias, mosquitos e borboletas, chimpanzés e seres humanos. Os humanos evoluem, organizam-se em grupos, começam a plantar e a domesticar animais, desenvolvem a escrita, perguntam-se sobre os céus, sobre as forças da natureza, procurando por respostas, por dar sentido a sua existência. Entendem que a vida é finita, que a morte é inevitavel, que a essêcia da natureza é a transformação e que, sendo parte dela, também se transformam. Olham para o mundo e, corajosos, tentam expandir seus horizontes construindo barcos, carroças, carros, aviões, foguetes, viajar ao desconhecido. Sua curiosidade é insaciável. Exploram outros mundos procurando outras formas de vida, mundos distantes, exóticos, hostis, mortos. A solidão é esmagadora. "Será que estamos mesmo sós?", perguntam-se. Não sabem. Vêem luzes nos céus e enchem-se de esperança, de fantasia:"Talvez não estejamos sós, talvez existam outros como nós, melhores do que nós, mais avançados, mais sábios." Somos nossa cosmologia.